Atônita, ao olhar para seu relógio,
Esperança já podia sentir aquela sensação de recomeço.
Recomeçar o ano... as metas... a sonhar.
E ao ouvir o quase ensurdecedor barulho dos
fogos de artifício também pôde sentir aquele friozinho na barriga. Medo?
Talvez medo do estresse, de não conseguir, quem sabe do próprio recomeço.
O fato é que Esperança havia há muito tempo brigado com o entusiasmo e até mesmo esquecido que por definição enthousiasmós significa: inspiração divina;
a força que vêm de dentro, que nos leva a realizar o que antes parecia impossível;
uma paixão viva; alegria ruidosa. O que ela parecia não sentir mais.
Justo ela, tão querida e admirada no trabalho,
em casa, uma “super” em tudo – mãe, esposa, profissional...
Mas havia um porém – esqueceu-se de si mesma. Perdida na busca pelo sucesso, que erroneamente na sua mente é o mesmo que dinheiro, matéria, status. E nessa busca frenética perdeu-se na ilusão de que sem isso a vida seria mais dura, mais triste, até mesmo insana. Esperança tem tudo, mas não tem nada. Sempre a querer mais, vive de ansiedade, na ilusão de que na próxima conquista conseguirá tempo para si, para celebrar, para curtir. Esperança está seriamente doente... mas não se dá conta.
Esperança sofre de um mal comum na sociedade moderna –
entusiasmar-se pelas coisas erradas.
Mas como a noite era mágica e especial bem ao seu lado, na sala de estar, encontrou um livro desses pequenininhos que nos motivam a pelo menos dar uma rápida olhada.
Assim, Esperança entendeu o porquê nunca deveria brigar com o entusiasmo.
Foi Carlos Drumonnd de Andrade quem a ajudou nesta árdua tarefa,
quando ela leu e refletiu sobre o texto abaixo.
“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e
outra vontade de acreditar que daqui para a frente tudo vai ser diferente”.
Esperança finalmente aprendeu que a esperança é um componente do nosso próprio ser, que não pode ser um comportamento passivo, mas que está voltada para a ação. É uma virtude, uma força que nos anima.
É quem nos leva a acreditar num futuro melhor.
- Sim - ela pensou: tudo pode ser diferente!
Essa deve ser minha maior diretriz para "2010"
Não brigue com o entusiasmo porque ele é intransferível, é aquele que dá sentido para a sua vida!
E não seja diferente somente no trabalho ou na condução de sua carreira, vá ainda mais fundo e seja um SER HUMANO DIFERENTE.
É disso que a sociedade precisa!
A sua missão não é mudar o mundo, mas a si mesmo.
Em "2010" tenha entusiasmo pelas coisas certas e pelos motivos certos!
Comece o ano de bem com a vida, consigo mesmo!
Começar o ano com a esperança renovada pode ser
o seu maior presente de Ano-Novo.
Autoria de Paulo Araújo
Fonte: Coluna do Leitor - Gazeta do Iguaçu